sábado, 30 de agosto de 2008

Assim foi o primeiro clássico da época...

BENFICA 1 - 1 PORTO


Benfica:Quim,Maxi Pereira,Luisão,Katsouranis,Léo(Ruben Amorim),Reyes,Carlos Martins,Yebda,Di Maria,Aimar(Nuno Gomes),Cardozo(Sidnei)


Porto:Helton,Sapunaru,Rolando,Bruno Alves,Fucile,Tomas Costa(Candeias),Lucho,Fernando(Guarin),Raul Meireles(Hulk),Lisandro Lopez,Rodriguez


Local:Estádio da Luz,20h45

Acções disciplinares:Vermelho:Katsouranis,Amarelo:Cardozo,Nuno Gomes,Sapunaru,Fernando,Lisandro,Rodriguez,Lucho

Golos:Lucho(11m),Cardozo(55m)

Arbitro:Jorge Sousa

Dois erros impensáveis para um jogador tão experiente como Katsouranis inclinaram o clássico para o lado do campeão nacional. Esse agarrar a Lucho González por parte do grego, depois de perder a posição, e a entrada inacreditável sobre Cristián Rodríguez, já com um amarelo no cadastro, fizeram também a ponte do Benfica do presente com o do passado. Essas duas perdas do sentido de responsabilidade destroçaram por completo tudo o que os encarnados quiseram extrair do encontro. O empate, com o sinal positivo de terem recuperado de uma desvantagem, acaba por ser um mal menor. E talvez um pouco lisonjeiro face à última meia hora.
Uma das diferenças entre as duas equipas em campo foi a forma como a mais madura soube digerir os diversos momentos do encontro. Os dragões formam um conjunto estabilizado, os encarnados continuam a ter pela frente ainda uma fase de maturação. O Benfica foi forçado a ignorar algumas etapas do crescimento neste início de temporada e hoje teve de juntar uns pontinhos extra ao já alto nível de dificuldade do encontro. Além dos erros de Katsouranis, Aimar aguentou 47 minutos antes de sair lesionado. Yebda chegou a pedir a substituição a meio da segunda parte e Reyes sentiu dores musculares.
Quique Flores não teve pudor de colocar em campo quase toda a artilharia, com Reyes, Di María, Cardozo, Aimar e Carlos Martins no onze, enchendo de sonhos as bancadas da Luz. Jesualdo Ferreira foi bem mais pragmático. Como de costume, quando defronta um dos principais rivais, o treinador portista tentou algo de novo. Chamou três novos nomes à equipa e encolheu o meio-campo num losango, com Fernando a fazer de Assunção e Lucho a ser aquele que devia ter sempre a bola. A protecção das alas ficou a cargo dos homens da frente, Lisandro e Rodríguez, antigos extremos, hoje transformados em unidades de referência no ataque.
Não se pode dizer que os esquemas tenham desequilibrado a balança. Benfica e F.C. Porto dividiram o domínio da partida e as oportunidades durante muito tempo - embora o pontapé de Lisandro ao poste, aos 41 minutos, pudesse ter acabado com as aspirações da equipa de Quique -, até à expulsão de Katsouranis.
O erro de posicionamento e a astúcia de uma das principais figuras dos últimos campeonatos deram mais peso à estratégia inicialmente prevista por Jesualdo, apostando muito mais na contenção do que na tentativa de sufocar o adversário com ataques. Com muita pressão a meio-campo para interromper transições, mas mesmo assim mais na expectativa. O remate certeiro de Lucho, no penalty, deu mais força às ideias do técnico, que só mudaram com a expulsão de Katsouranis. Em superioridade numérica, os dragões acrescentaram metros e unidades às suas intenções.
O Benfica agarrou-se ao golo de Cardozo, em que Helton terá de reflectir nos próximos dias, e ao ponto que iria manter tudo igual depois do apito final. A verdade é que sentia-se que o recuar no terreno e o aguentar a pressão do rival era a única coisa que podia fazer. Tinha menos um em campo e agora sim o adversário tinha soltado o lastro. Crescia. Cristián Rodríguez, que mais uma provou que a sua contratação pode dar muitas coisas boas ao Dragão, Guarín, Hulk e Lisandro López tomavam de assalto o meio-campo encarnado. As pernas também começavam a fraquejar, o fim do jogo era como uma miragem distante.
O empate é uma almofada de ar para Quique. Ganhou mais tempo para implantar filosofias e fazer valer os seus métodos. Jesualdo leva para o Dragão a invencibilidade no estádio do Benfica. A Luz já não está no seu caminho. Katsouranis sai de campo como o grande derrotado. As saudades de casa, na Grécia, não explicam tudo.

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